quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Under the gun

As pessoas têm me perguntado sobre o site, quando o pop balões vai voltar, se o site acabou, perguntam se eu vou voltar a resenhar para o Universo HQ e no geral eu tenho fugido dessas questões por não saber exatamente o que dizer.

O fato é que nos últimos meses eu tenho passado por uma depressão muito forte que tirou toda a minha vontade de fazer qualquer coisa. Mesmo o que eu mais gosto como ler quadrinhos e falar sobre eles, eu parei de fazer. Muita gente não entende exatamente o que é isso, pra ser sincero eu também não.

Eu durmo cada dia mais cedo e quero acordar o mais tarde possível. Tomo remédios que ficam guardados em um armários trancados de farmácias e não entendo o porque de tanto controle e tanta regulação já que eles parecem não fazer efeito nenhum. Não é como se você tivesse um grande barato ou que te faça se sentir no topo do mundo. Converso semanalmente com uma terapeuta que me faz anotar e falar sobre manias e problemas que geralmente a gente não quer falar para ninguém.

O engraçado é que eu não estou exatamente triste. Ou pelo menos não comecei essa situação triste. Hoje é claro que me entristece muito o fato de eu não ler uma revista em quadrinhos ou um livro ou qualquer coisa que o valha. Me entristece que eu não esteja fazendo minhas resenhas, que não esteja colaborando com o UHQ ou tocando o site. Me entristece o fato que as pessoas mais próximas a mim tenham que acompanhar isso sem poder fazer nada, simplesmente porque não a nada a se fazer.

Mas isso não é o principal problema. O grande mal é essa coisa grudada em mim, algo como uma nuvem nublando o meu raciocínio e tornando tudo tão sem graça e tão sem gosto que dormir é mais interessante do que ficar acordado fazendo tudo que sempre foi legal. Essa calma intranqüila que faz tudo parecer normal e sem solução quando realmente não é.

No poker usam a expressão “under the gun” para o jogador que está no que eles consideram a pior posição de cada mão. Ele é o primeiro a fazer um movimento, sem saber como os outros vão se comportar diante da sua jogada, sem ter a vantagem de analisar a reação dos outros jogadores as cartas que receberam.

É nessa situação que eu posto isso aqui no blog. Não sei o que irá acontecer, como você que está lendo só porque gosta de quadrinhos vai encarar isso ou como os meus amigos que permanecem pacientes sempre me ajudando vão se sentir.

Esse fim de semana o Diego me disse algo interessante: “Se você topar, podemos voltar com o site, mas tem que ser divertido para nós dois”. É claro que eu quero voltar com o site. Graças ao nosso amigo Adriano que continua nos mandando matérias temos colocado no ar alguns textos novos e agora o Diego e eu tentaremos voltar a atualizar uma vez por semana e retomar o blog o mais diário possível.

É claro que nas primeiras semanas teremos textos só do Diego e eu entrarei apenas na parte operacional de colocar as páginas no ar. Mas vou me esforçar para dar um passo além e tentar retomar minha vida. Tentar fazer tudo aquilo que eu gosto e reencontrar a graça nisso.

Felizmente depois desse tempo ninguém espera que eu produza uma quantidade enorme de textos repentinamente, mas se conseguir voltar ao jogo já será um grande ganho.

Aos leitores, peço desculpas pela ausência. Aos meus grandes amigos agradeço a paciência e ajuda que é sempre conversar com vocês. Ao nobre amigo Diego, agradeço por ser como um irmão, como sempre foi. A minha esposa agradeço por estar comigo todos os dias e tornar o meu mundo melhor.

8 comentários:

Sidney Gusman disse...

Zé, meu amigo, não pensei que você abriria o problema dessa forma. Parabéns pela coragem!

Pra mim e pra toda a tropa do UHQ, não importa o atraso nas resenhas; importa você ficar bem. É pra isso que estamos torcendo e rezando (ao menos os que crêem em alguma coisa).

Você é um amigo estimado demais e sempre estaremos dispostos a ajudar, mesmo que isso seja impossível - como você bem explicou.

Então, dá a volta por cima nessa fase ruim e chuta essa depressão pra lomge. Sei que vai conseguir!

Grande abraço

Sidão

Sérgio Codespoti disse...

Zé, um passo de cada vez. Você acaba de fazer uma postagem importante, e como disse o Sidney, corajosa.

Continue assim, fazendo um pouco mais a cada dia, e logo você estará de volta a velha forma.

O importante é você voltar a ter vontade de fazer tudo o que fazia antes, de curtir não só os quadrinhos, mas as coisas importantes ao seu redor, família, amigos e sua esposa.

Sabe que pode contar comigo e com o resto do pessoal do UHQ.

Logo logo estaremos conversando bobagens.

Abs.

Guilherme Veneziani disse...

Como leitor do seu trabalho, e do Pop Balões, digo que não há porque pedir desculpas.

Como fã, eu que peço desculpas por não participar mais aqui, dar uma palavra de incentivo ou elogiar o trabalho bem feito. Muitas vezes criamos desculpas por falta de tempo, ou por falta de algo relevante para dizer, mas um elogio nunca é demais: Parabéns pelo seu trabalho no Pop Balões e pelas resenhas no UHQ. Leio tudo que vocês escrevem e gosto bastante.

Sabendo do que acontece, torço para que você melhore um pouco a cada dia e que volte a fazer o que gosta, seja ler, escrever, encontrar os amigos e curtir... Sem obrigação com ninguém, apenas com sua felicidade.

Não é fácil, mas tenho certeza que os seus fãs estarão torcendo por você!

Abraços

Guilherme

Amalio Damas disse...

Oi Ze´! Confesso que fiquei surpreso com a notícia, até porque pensei que eram outros os motivos para a sua ausência e nunca um motivo tão grave assim. De qualquer forma o Sidney e o Codespoti já falaram e eu repito, parabéns pela coragem de dividir com o público esta fase difícil da sua vida.

Olha eu também estou passando por uma fase meio complicada, que não tem a menor comparação com a sua, a minha é muito, mas muito mais leve que a sua. Faz tempo que não leio nada de quadrinhos também, procuro ler mais coisas relacionadas ao meu trabalho e ainda não consegui fazer nem meia resenha, quanto mais uma inteira, mas no momento os meus problemas não vêm ao caso.

Em primeiro lugar, considero você como um verdadeiro amigo, que mesmo sem me conhecer, me acolheu na sua casa que é o Pop Balões. Segundo, que você já é um vencedor a despeito do que qualquer um possa falar, porque teve a coragem de fazer um site maravilhoso sobre quadrinhos, com uma abordagem totalmente nova e além disso criar um prêmio apenas para independentes, ou seja, algo que ninguém tinha cogitado antes.

Pra finalizar quero que você volte logo, com o site, com as resenhas, com tudo de bom que você sempre fez e que tenho certeza continuará fazendo, por um motivo bem simples, você faz falta.

É impossível pra mim e pra qualquer um explicar o vazio que você está sentindo, mas posso explicar o vazio que é entrar no site e não ver uma palavra sua, apesar do Diego também escrever ótimos textos. O vazio que é entrar no UHQ e não ler suas resenhas malhando os X-men, apesar de termos os ótimos comentários dos outros excelentes profissionais. Mas a Távola Redonda não era composta apenas do Rei Arthur, Os Trapalhões não eram só o Didi, A Liga da Justiça não é só o Superman e o UHQ, o Pop Balões e nós, amigos e leitores, não estaremos felizes se você não estiver.

Resumindo, este texto já me trouxe algum alento, mas manda esta tristeza embora e volta com força total, porque nós estamos esperando.

Um grande abraço.

Cláudia Dans disse...

Zé Oliboni!

Tenho que confessar que fiquei muito emocionada com o seu texto! Mas a emoção é maior ainda quando noto a sua coragem em revelar esta fase tão difícil!

Porém, mais do que emoção, estou feliz, pois você está dando um passo de cada vez, né? Na verdade, você já deu vários! e todos, pelo que vi, com muita coragem, força e determinação!

Tenho certeza que logo logo tudo isso será passado! E assim como nos quadrinhos, você vai vencer o vilão e vai ficar com a moçinha (rsrsr)!

abraços e força que tudo vai dar certo!!!
Cláudia Dans

Ânderson Luiz disse...

Força aí, Zé. Eu também não estou na melhor fase da minha vida, embora ainda não tenha chegado ao seu estágio. O meu terapeuta me disse que se eu não lutar, posso chegar ao fundo do poço. Nesses momentos é importante se apoiar em pessoas amigas e se forçar a assumir compromissos. Abração!

JMTrevisan disse...

Cara...eu não te conheço. Na verdade não sei se cheguei a ler alguma resenha tua. É mais provável que não do que sim, já que é uma sessão do UHQ que não tenho o costume de frequentar.

O fato é que passamos por momentos muito parecidos.

Escrevo desde os nove anos, construi carreira como autor de RPG a partir dos 18. Virei editor, redator, professor, fiz roteiro de quadrinho e tudo o que parecia meio impossível quando era moleque.

De 2005 pra cá, por conta de brigas judiciais com a editora que publicou meus trabalhos (e os de dois amigos: Rogerio Saladino e Marcelo Cassaro) entre outras coisas desagradáveis, perdi o gosto pela coisa.

às vezes me vejo fugindo da tela em branco do Word. Mantenho um blog faz dois anos, mas sóí porque em geral não são histórias que coloco ali. O meu problema é com a ficção, o que eu sempre gostei mais. Se preciso por algum motivo escrever um conto um pouco maior ou se tenho uma idéia realmente legal, a coisa não desenvolve. Eu travo e uma agonia meio inexplicável aperta o peito e me dá um desespero tão grande, que eu preciso desviar a atenção e fazer outra coisa. Escrever hoje, só em doses homeopáticas.

Também faço tratamento, também tomo os remédios estranhos e acho que é por aí mesmo. Aos poucos a gente vai retornando à velha forma. Já faço hoje muito mais que há dois anos atrás (até escrevi um curta que está concorrendo a um prêmio no Festival Latino Americano da AXN!).

Mas o importante mesmo é não esquecer que talento não se perde. E nem o amor por esse tipo de coisa.

É cara, a gente não se conhece. Mas pode me contar como mais um na torcida pela sua recuperação.

Grande abraço

J.M. Trevisan

Franchico disse...

Daqui de Salvador, já tive o prazer de colaborar com o Pop Balões e, nos meus contatos com o Zé Oliboni, pude perceber o cara correto, decente e (muito) inteligente que ele é. Daqui de Salvador, torço para que vc supere essa nuvem negra em direção à dias mais ensolarados, amigão. Abraço...